O que é EDUCAÇÃO BILÍNGUE?
- Ana Jacob

- 22 de jun. de 2020
- 3 min de leitura

Como já citamos anteriormente, o bilinguismo pode ocorrer em diversas situações sociais, apresentando uma forma diversificada de interação entre o sujeito e os níveis de conhecimento linguístico. Já a educação bilíngue utiliza um espaço de aprendizagem específico e preparado, onde o mediador utiliza uma língua estrangeira para o ensino-aprendizagem dos conteúdos escolares. Assim fica claro que não se pode confundir bilinguismo com educação bilíngue.
Após analisar o discurso de Baker (2006), podemos sintetizar que o autor propõe que a educação bilíngue é apenas o título para uma prática complexa que, em suas intenções, tem embutida a vontade de inserir o contexto de uma segunda língua dominante aos indivíduos que dela participam. O autor classifica os objetivos da educação bilíngue da seguinte maneira:
a) Educação bilíngue de transição (transitional bilingual education): tem como objetivo a escolarização da criança na língua majoritária da comunidade e, aos poucos, deixar de se comunicar na língua minoritária enquanto estiver no ambiente escolar.
b) Educação bilíngue de manutenção (maintenance bilingual education): objetiva promover a manutenção da língua minoritária, aumentando o sentido de identidade cultural.
c) Educação bilíngue de enriquecimento (enrichment bilingual education): tem como objetivo proporcionar às crianças falantes de uma língua dominante o aprendizado de uma segunda língua na escola.
Apesar de o autor classificar os objetivos da educação bilíngue, afirma que modelos não devem ser utilizados, pois esses limitam a dinâmica da prática pedagógica e o ambiente onde a educação bilíngue ocorre não pode ser estático. Porém, a utilização de uma tipologia dentro da educação bilíngue faz-se necessária para ilustrar sua multidimensionalidade.
Evidencia-se que toda proposta bilíngue tem seus objetivos influenciados por valores socioculturais, políticos e econômicos. Para Baker (2006), a grande distinção entre as propostas de ensino bilíngue destaca-se em sua finalidade. Com base nas diferenças apresentadas pelo autor, podemos classificar a educação bilíngue em três categorias (approaches): formas monolíngues de educação para bilíngues, formas fracas e fortes de educação bilíngue.
O monolinguismo para bilíngues é chamado assim porque esses programas visam apenas o ensino da língua dominante, não se caracterizando como educação bilíngue. O autor compara esta forma de ensino com uma piscina, afirma que os educandos são jogados dentro de uma piscina e sem ajuda alguma precisam aprender a nadar, alguns afundarão e outros batalharão para aprender a nadar. Nas propostas de pouca eficiência apresentadas no quadro, nota-se que suas intenções são limitadas, nessa modalidade são inclusos programas que atendem crianças bilíngues, a intenção é inserir as minorias linguísticas, ou emigrantes, na língua dominante.
As formas consideradas fortes de educação bilíngue, para Baker (2006), são aquelas que têm suas bases no bilinguismo. Programas que adotam metodologias com tais embasamentos utilizam a língua de maneira rotineira e espontânea. O foco não é somente a aquisição de uma segunda língua, mas sim a aprendizagem de outros conteúdos através da articulação de diversas disciplinas com o intuito de unificar o saber, possibilitando assim a ampliação da cognição humana. Esse enfoque pluralista do conhecimento propicia a formação global do sujeito, essa visão transdisciplinar explica a complexidade do mundo pós-moderno que exige seres humanos mais críticos.
Argumentando sobre programas bilíngues, Chin e Wigglesmorth (2007 apud BRENTANO, 2011, p.22) afirmam que a grande diferença entre programas fortes de educação bilíngue e programas fracos ou monolíngues é que os programas de educação bilíngue promovem o bilinguismo aditivo, ou seja, escolas que promovem este modelo de programa bilíngue o possuem bem estruturado, nos quais as línguas estão inseridas em um contexto construtivista, não visando apenas o objeto de ensino.
É possível notar que Baker (2006) compartilha da mesma visão pluralista de Chin e Wigglesmorth (2007), nas quais a língua acaba sendo a matéria unificadora do conhecimento.
Uma das questões que emergem nas distinções realizadas pelos autores é aquela que se relaciona sobre quando seria o momento ideal para inserirmos a aprendizagem de uma segunda língua, tema que abordaremos a seguir.
(Esse texto faz parte do meu artigo de conclusão de curso em Pedagogia, Educação Infantil Bilíngue: um estudo sobre o perfil dos profissionais que atuam na área, de 2014).




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